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ELAS, NÓS

Colagens digitais
Revista CLAUDIA
São Paulo
2024

ESCOPO DO PROJETO

Composição gráfica

Na coluna digital “Elas, Nós” da revista CLAUDIA, Elizabeth Cardoso mergulha nas vidas das mulheres reais, entrelaçando-as com a sutileza da ficção para integrá-las em um coletivo. São relatos frequentemente abafados pelas injustiças e violências enfrentadas, às vezes até resultando em tragédias. Impulsionada pela missão da coluna, o projeto consiste em uma série de colagens que visam ilustrar a essência de cada narrativa. Utilizando uma combinação de imagens, texturas e formas, buscou-se transmitir visualmente
a riqueza emocional e os detalhes marcantes presentes em cada história.

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A LOUCA VIROU POETA

“[...] Soube depois que Stella do Patrocínio, mulher negra, nascida em 1941 no Rio de Janeiro. tinha 21 anos de idade naquele dia em que foi levada ao pronto socorro onde foi diagnosticada com esquizofrenia e internada no Hospital D. Pedro I, onde ficou até 1966, quando foi transferida para a Colonia Juliano Moreira, onde morreu com 51 anos de idade. 3o anos de internação psiquiátrica.

Uma vida sem casa, sem família, amigos, lazer, trabalho, amor, qualquer tipo de privacidade ou reconhecimento de subjetividade. Um corpo atravessado por eletrochoques, medicamentos abusivos e a imposição de um mundo que não era o seu. Mas Stella tinha algo maior, tinha sua voz que dava vazão para uma inteligência e uma visão de mundo tão agudas e perspicaz que ecoou como poesia. Sua falação, ou falatório, chamou a atenção e a louca virou poeta,a poeta virou poesia e sua poesia é palavra livre filosófica que nos ensina e emociona.”

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SENHORITA DE FRANÇA

Pois bem, ouvi dizer que nas aulas da senhorita de França acontece de termos a oportunidade de modelar esculturas a partir de modelos vivos e desnudos. Não podia ficar de fora dessa. Disse para meus pais sobre meus interesses artísticos - duvidaram de meu talento. Falei da importância cultural e social de Julieta - ficam mais interessados. Afinal, apesar de já ter 22 anos da permissão para mulheres frequentarem os cursos superiores, poucas de nós ousamos.

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O DIREITO DE ASSISTIR​​

Tinha chegado o dia de pôr fim à curiosidade sobre a instalação do biombo misterioso na sala de aula da faculdade. A fofoca que rolava pelo campus era que a peça serviria para esconder uma aluna. Uma mulher que tinha conseguido na justiça o direito de assistir as aulas. Diziam que a permissão do juiz vinha com a condição de que a mulher não perturbasse o aprendizado dos estudantes. Durante as negociações chegaram à solução de colocá-la sentada atrás de um biombo onde permaneceria calada. Se tivesse dúvidas, deveria escrever cartas aos professores. Assim, os estudantes não veriam seu corpo, não ouviriam sua voz, não seriam incomodados. 

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